27 de outubro de 2019

Provocações Psicológicas


XVII. Sobre O Fim


Nem sempre o fim é uma série de eventos que culminam claramente num desfecho. Às vezes o fim é um navio à deriva, vagando sem rumo. Sem norte transformando-se em algo novo apenas por ter se desviado ligeiramente do antigo itinerário. Continuidade insignificada: constância do tempo, finitude da vida. 
Como inspirar e não poder exalar. Como jamais conseguir perfurar a armadura alheia, engajando eternamente com a imagem que projetam de si mesmos. Como um acorde de quinta que chama um acorde de primeira que nunca vem. Chamam de suspensão. Me sinto suspenso. Esperando a conclusão, o fim, o desfecho, o relaxamento, a resposta, o maldito ponto final. 
Meu coração foi partido e a outra metade se foi. Não voltou. Esse não é um final feliz. Nem final é. Por isso tive que criar um fim. Marquei-o no peito com ferro, fogo, pois quando o fim é artificial deve ser definitivo ou a tentação o sabotará. Sun Tzu instruiu os generais, por isso, a destruírem suas rotas de fuga
Em frente ou em frente, soldado. É só o que lhe resta.