12 de outubro de 2019

Provocações Psicológicas


XIV. Trágico Teatro da Existência 


Me sinto como um fantasma, incapaz de me comunicar com o mundo dos vivos. Me sinto como uma memória falhada de mim mesmo, vagando por aí tentando convencer o mundo da veracidade da minha existência. Me sinto como um soldado americano no Vietnã, descrente da legitimidade da guerra; obrigado a continuar lutando por ela todos os dias. Tudo me parece tão brutalmente sem sentido. Tudo me parece tão distante. Todos me parecem tão ingênuos, tão ignorantes, tão ignorantemente seguros de si. E eu sinto o impulso de me calar para sempre. De me refugiar no abrigo seguro de uma infância inocente. De vagar sem propósito na imensidão absoluta do espaço: entre planetas, estrelas, galáxias. De me aninhar na ternura dos braços da morte e dormir neles para sempre.